segunda-feira, 24 de novembro de 2014

PAULO TRAIU JESUS?

Alguns autores argumentam que Paulo é o fundador do Cristianismo e não Jesus. Obviamente, sabemos que Jesus não era cristão, pois o cristão é aquela pessoa que tem um mediador entre Deus e ele, confessa pecados, se arrepende e precisa do novo nascimento. A religião de Jesus era única, o relacionamento dEle com Deus é direto, não precisou de regeneração, nem de justificação, portanto, Jesus não era cristão. Mas é um equívoco afirmar que a teologia de Paulo né contrária a Cristo. Muitos criticam Paulo dizendo que seus ensinos eram completamente diferentes dos ensinos de amor e de ações sociais deixados por Jesus. Em dezembro e 2003, o jornalista Yuri Vasconcelos publicou uma matéria na revista Superinteressante cujo tema era “São Paulo traiu Jesus?” onde argumenta que para conquistar fiéis, Paulo fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus. Ao analisarmos a matéria, podemos perceber que seus argumentos são inconsistentes e facilmente refutáveis. O primeiro ponto que devemos analisar dessa matéria é que todos os argumentos que questionam o alinhamento entre os ensinos de Paulo e Cristo estão baseados no livro apócrifo “O Evangelho dos 12 santos”. A bíblia é composta de 66 livros divinamente inspirados Ao longo da sua história, os cristãos sempre foram chamados a defender a sua confiança nestes 66 livros, que consideram como Palavra de Deus. Os argumentos geralmente usados são as reivindicações dos autores do AT e NT de que estão escrevendo a palavra de Deus; o testemunho Jesus Cristo sobre as Escrituras; as evidências da ciência: Design Inteligente, etc.; as evidências da arqueologia; a suprema excelência do seu conteúdo (quem somos; de onde viemos; para que existimos; há vida após a morte? Quem é Deus? como posso me relacionar com ele; como resolvo o problema da culpa?); a eficácia da sua doutrina nas vidas transformadas; a harmonia de todas as suas partes; o seu alvo escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória); as profecias cumpridas; sua preservação em meio aos ataques. Portanto, não há motivos para darmos créditos a um “evangelho” que não segue esses critérios reconhecidos pela cristandade desde os pais da igreja. A matéria afirma que existia uma rivalidade entre os apóstolos fazendo referência ao capítulo 2 da carta aos gálatas, alegando que Pedro e Paulo teriam brigado em Antioquia. Na verdade, precisamos compreender o capítulo dois e toda a carta aos gálatas com mais clareza. Paulo escreve aos gálatas com dois propósitos maiores: (1) combater um grupo de judaizantes que estava se infiltrando na igreja obrigando os cristãos pagãos a cumprirem os rituais judeus e (2) defender o seu apostolado. No capítulo 2 Paulo diz que “quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa [...] nada me comunicaram;” mostrando que quando ele apresentou seu evangelho aos que pareciam ser líderes na igreja, não existiu conflito ou acréscimo ao conteúdo do ensino de Paulo, mas “pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão [..] deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão. Logo após ele relata a discussão com Pedro em Antioquia por causa da postura dissimulada de deste quando os judeus da parte de Thiago chegaram, não por questões ideológicas como sugere a o artigo. Em Atos 15, vemos Thiago citando Amós 9: 11 e 12 dizendo que está se cumprindo e “que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus” resolvendo, portanto, qualquer divergência existente. Sobre a relação dos cristãos com o Estado, a matéria diz que Paulo era um agente do estado romano, pois Paulo instruía os cristãos a se submeterem às autoridades e a pagarem impostos (Romanos 13). Argumenta ainda que Jesus era contrário a Paulo, pois Ele se insurgia contra as leis do estado. Mais uma vez a matéria tá equivocada, Jesus não veio promover uma guerra pra libertar o povo do império romano, veio libertar do pecado. O que Cristo ensina com relação ao estado nós podemos ver em sua resposta aos discípulos dos fariseu e aos herodianos em Mateus 22: 16-22 quando diz “dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Sobre a escravidão, a revista afirma que Paulo incentivava a escravidão baseando-se no texto de Ef 6:5. Não podemos esquecer que a base da economia da época era escravocrata. Eram fatos simples e corriqueiros. O sonho dos homens livres era ter escravos. O sonho dos escravos era serem livres e terem escravos para servi-los. Jesus curava e pregava aos escravos (Marcos 8:5,13). Lidava com eles com o mais absoluto respeito e tratava-os como iguais. Assim como Jesus, Paulo pregava o respeito mútuo entre os indivíduos. Se continuarmos a leitura de alguns versos do capítulo 6 da carta aos efésios veremos Paulo dizendo “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas.” (Efésios 6:9). Em Gálatas 3:28 Paulo diz “nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” provando que ele não é um escravocrata gospel, mas lguém que acredita na liberdade em Cristo. Agora a matéria faz críticas com relação a submissão feminina. Paulo agora é chamado de machista com base em 1Tm 2:9-12. É consenso entre os estudiosos que Paulo escreveu a carta para instruir Timóteo a combater uma perigosa heresia que havia se infiltrado na igreja de Éfeso, que estava sob a sua responsabilidade. Paulo não dá muitos detalhes na carta sobre a natureza dessa heresia. Uma reconstrução cautelosa nos revela os seguintes pontos: 1) Os falsos mestres em Éfeso estavam semeando dissensões e se ocupando com trivialidades (1 Tm 1.3-7; 6.4-5; cf. 2 Tm 2.14, 16-17, 23-24); 2) Os falsos mestres ensinavam que a prática ascética era um meio para se alcançar uma espiritualidade mais elevada. Estavam ensinando a abstinência de certas comidas, do casamento, e do sexo em geral (1 Tm 4.1-3). Possivelmente estavam ensinando que o treinamento físico também servia para se alcançar esta espiritualidade (1 Tm 4.8); 3) Várias mulheres da igreja estavam seguindo os falsos mestres e seus ensinos (1 Tm 5.12,15; cf. 2 Tm 3.6-7); 4) Aparentemente, os falsos mestres estavam encorajando tais mulheres a trocarem o seu papel costumeiro no lar por uma atitude mais igualitária com respeito a seus maridos, e aos homens em geral. O programa dos falsos mestres incluía denegrir o casamento, e isso certamente induziria ao abandono das funções tradicionais da mulher no lar. Algumas evidências sugerem esta interpretação. Em suas instruções às viúvas, Paulo determina que as mais novas se casem, tenham filhos e cuidem das suas casas (1 Tm 5.14), visto que já "algumas se desviaram, seguindo a Satanás" (5.15). Desde que Paulo considera o ensino dos falsos mestres como sendo "ensino de demônios" (4.1-2), segue-se que ir após Satanás seria aceitar o ensino dos falsos mestres em oposição ao que Paulo ordena em 5.14. Embora não saibamos os motivos com exatidão, transparece claramente que o ensino dos falsos mestres em Éfeso incluía a rejeição dos papéis tradicionais das mulheres no casamento, e um encorajamento a que elas reivindicassem papéis iguais na igreja e nos lares. A situação parece bastante similar à da igreja de Corinto, onde as mulheres procuravam exercer no culto funções até então privativas dos homens cristãos. É contra este pano de fundo que Paulo determina às mulheres da igreja de Éfeso que aprendam em silêncio, que não ensinem nem exerçam autoridade sobre os homens, e que estejam em perfeita submissão (1 Tm 2.12). Paulo com isso está preservando a família e a unidade da igreja de Cristo e podemos facilmente encontrar em outras passagens Paulo falando sobre a importância das mulheres no serviço a Deus: "Cumprimentai Trifena e Trifosa, [mulheres] que trabalharam arduamente no Senhor. Cumprimentai Pérside, nossa amada, pois ela realizou muitos labores no Senhor."(Romanos 16:12). E como vimos no texto de Gálatas 3:28 para Paulo “[..]não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Por ultimo, a matéria fala sobre a doutrina da salvação. Segundo eles Cristo ensinaria a obediência à lei como meio de salvação, enquanto Paulo pregaria a salvação por meio da fé. Mais uma vez o escritor dessa matéria se equivocou. Paulo diz em Ef 2:8 que a salvação é pela Graça mediante a fé. Esta afirmação contradiz o ensino de Cristo e dos demais apóstolos. Em João 6:68-69 Pedro diz “ Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” e Jesus em João 3:16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Portanto, a salvação é, e sempre foi, pela fé no Filho de Deus. Os ensinos de Jesus não podem ser descartados como fonte do pensamento de Paulo. Paulo não conheceu a Jesus pessoalmente, mas ele conheceu os ensinos de Jesus através da igreja de Antioquia (sede da primeira igreja cristã gentílica), pois logo após a sua conversão ele foi levado pra lá por Barnabé onde permaneceu por muitos anos e aprendeu muito do cristianismo com os cristãos de lá. Para uma compreensão maior sobre a teologia de Paulo, precisamos fazer isso à luz dos evangelhos e à luz do antigo testamento visto que ele era judeu e conhecedor da lei.

sábado, 13 de março de 2010

Decálogo

O decálogo constitui um conjunto de Leis morais traçadas por Deus para a boa conduta de seu povo. São mandamentos em que a humanidade é chamada a moldar o seu comportamento de acordo eles. Mas não se trata de uma Lei escravizadora ou algo que gera a morte. Quando Paulo fala em II Co 3: 7 do “ministério da morte”, falava da forma como a lei era compreendida pelos fariseus, de maneira legalista e pesada (Mt 23:4). A lei de Deus não é uma escada pela qual laboriosamente subimos, esperando um dia entrar no céu e sim verdadeiramente a “lei da liberdade”(Tg. 2:12) que é baseada no amor por seu povo com o intuito de nos auxiliar a evitar erros insensatos e um sofrimento sem fim.

1º Mandamento

“Não terás outros deuses diante de mim.”

Esse mandamento é a marca característica do povo judeu, o monoteísmo. Além disso ele expressa o amor de Deus para conosco, é uma advertência motivada por uma profunda preocupação. Sua mensagem é: Não entregue sua lealdade e devoção a “deuses” que na verdade não são deuses. Não conceda um lugar supremo na sua vida a algo ou alguém que, no fim, só irá desapontá-lo e machucá-lo. Deus sabe que o vazio do homem é do tamanho dEle e que as tentativas do homem de preencher esse vazio com outros deuses(no tempo dos apóstolos Baal, Diana, entre outros, e no nosso tempo sexo, alcoolismo, drogas, dinheiro, fama... ) sempre serão frustradas e trarão sofrimento e dor.
Porém, rejeitar os falsos deuses e denunciar o seu culto não é o suficiente. Precisamos substituir seu culto pela adoração ao Deus do Céu, caso contrario nos tornaremos como os hippies que trocaram os valores falsos do materialismo(deuses do nosso tempo) e não substituíram por nada. Na verdade trocaram uma forma de egoísmo por outra.
A adoração bíblica é uma atitude do coração. É uma disposição e uma decisão de dar a Deus o primeiro lugar em nossas vidas. Muitas pessoas que instintivamente crêem na existência de Deus não chegam ao ponto de torná-lo o primeiro em sua vida. Mas esse é o único lugar que Ele pode ocupar se de fato for Deus. Por isso esse mandamento vem em primeiro lugar, pois se o este mandamento não for verdade em nossas vidas todos os outros serão apenas regras morais que não têm poder maior que o de outras boas idéias.

2º Mandamento

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.”

O segundo mandamento nos previne contra dois erros.
O primeiro é de não tornar Deus menor. Fazer imagens que represente Deus é inevitavelmente reduzi – lO à dimensão de um conceito meramente humano e falho.
O segundo é nos prevenir contra a idolatria. A idolatria trás conseqüências negativas somente ao idolatra, o texto de Romanos 1 : 23, 28-31 fala claramente dessas conseqüências. O salmo 115:8 diz “A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.” Os ídolos causam influência sobre os adoradores. E essa má influência é passada por gerações (“sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”). O zelo, ciúme, de Deus é diferente do humano, pois o humano é egoísta mas o de Deus é em favor do seu povo “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos”.

3º Mandamento
“Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”

Quando falamos da família Reis na Primeira Igreja Batista, o que nos vem a cabeça? Que é a família de cantores da PIB. Com suas vozes belíssimas alegram toda a igreja e certamente a Deus ao cantarem lindos louvores ao Pai. Se algum dia aparecesse uma pessoa desafinada entitulando-se um Reis, o que diríamos? Certamente saberíamos que este estaria mentindo. Ele estaria difamando o nome da família Reis pois as suas características não estariam compatíveis com as características da família.
Quando aceitamos a graça de Deus em nossas vidas passamos a ser chamados pelo seu nome. Fazemos parte da família de Deus. Isaias 43:1-7 diz:
Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba em teu lugar. Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida. Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra. A todos os que são chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glória, os formei, e também os fiz.
Passamos a ser chamados pelo seu nome e a gozar dos privilégios da sua Família. Somos herdeiros Seus em Cristo. E o que seria tomar o nome de Deus em vão?
Tomar o nome de Deus em vão é dizer que somos filho ou filha de Deus e continuar com a mesma vida de antes. Significa adotar esse santo nome sem experimentar uma genuína mudança em quem somos .

4º Mandamento

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou.”

Deus disse que o homem precisa santificar um dia da semana. Deixar de fazê-lo resulta em sofrimento para ele.
Nós somos apressados demais, e corremos mais do que podemos. A Bíblia nos diz: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.” A verdadeira beleza não é agressiva, é tranqüila. Nossas melhores disposições não são barulhentas. Os apelos da divindade ao homem são sempre em uma voz mansa e suave. O retrato que o Novo Testamento nos dá de Cristo é: “Eis que estou à porta, e bato, se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo.” (Ap. 3:)
Deus concedeu esse descanso ao homem, em primeiro lugar, como recompensa pelo seu trabalho. Quem trabalha merece descansar. Quando ignoramos este dom de Deus estamos lesando a nós mesmos.
Em segundo lugar, Deus nos proporciona um dia de descanso porque todos precisamos refazer nossas energias espirituais. Assim como se constroem telescópios para se obter uma visão melhor dos astros, assim também, desde os primórdios da civilização, os homens vem dedicando um dia certo ao culto, a fim de obter uma visão melhor de Deus e dos ideais mais elevados da vida.

5º Mandamento

“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá.”

Mais uma vez vemos o amor de Deus expresso em mais um mandamento. Este mandamento nos fala da base de todos os relacionamentos de nossa vida. Deus nos manda honrar aos pais porque essa relação é um sólido alicerce para o bom êxito escolar, no trabalho e até no Casamento. Isso quer dizer que uma relação saudável com nossos pais é a base de bons relacionamentos, paz mental e sucesso ao longo da trajetória da vida.
E essa honra deve ser, acima de tudo, um exercício da vontade livre, uma decisão racional de adotar uma atitude que resulte em bons e agradáveis relacionamentos com nossos pais e não uma aquiescência automatizada para com a autoridade.
6º Mandamento
“Não matarás.”

Qual a diferença entre um gato e um tigre? O tamanho. Analise o comportamento do primeiro, desse “dócil” animal, com os peixes de aquário ou os passarinhos que pousam no quintal que você verá que a sua agressividade é idêntica à do segundo.
O sexto mandamento nos adverti para que não sejamos tigres com cara de gatinhos. Quando Jesus falou a cerca do sexto mandamento ele disse: o seu tamanho não importa; se você tem a mente e o coração de um tigre, você é um tigre. Em Mateus 5:21 e 22 diz:
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
Este mandamento nos remete não apenas o não matar fisicamente, mas a não tentar nada contra o próximo, nem mesmo na mente ou no coração. Ele nos remete, ainda, ao amor não só ao amigo, pois ninguém tentará mal a um amigo, mas aos que nos perseguem. Nisto estará a nossa diferença como servos de Deus.

7º Mandamento

“Não adulterarás.”

No sétimo mandamento Deus nos alerta contra um erro grotesco. O adultério, ou traição, é uma violação dos votos matrimoniais que são instituídos por Deus “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” Gn2:24. A quebra desse mandamento é semelhante a quebra algo muito valioso e muito frágil. Um relacionamento conjugal leva muito tempo para ser construído e pode levar apenas algumas horas para sofrer um dano que muitas vezes é irreparável.
Deus com este mandamento tenta nos prevenir de um erro que pode gerar uma amputação.

8º Mandamento
“Não furtarás.”

Furtar é tomar para si algo que não conquistou, que não era seu por direito. Qualquer ato de desonestidade se enquadra perfeitamente nesse conceito.
A primeira prescrição bíblica contra o furto aparece em Gênesis 3:19 : No suor do teu rosto comerás o teu pão. Deus recomendou ao homem que conquistasse pra si o que fosse preciso para sua vida com o trabalho. Furtar, além de todos os males gerados na vida do próximo, é também quebra do princípio divino do trabalho que é uma benção para o homem pois alivia o estresse e acrescenta anos à vida, boa saúde ao corpo e paz à mente.
9º Mandamento
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.”

O mandamento diz: Não mentirás! “O que há de tão errado com a mentira?” pergunta o mentiroso. A resposta está no texto de João 8:44 que diz: Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.
O nono mandamento nos diz para assumirmos um compromisso com a verdade.. A palavra verdade é a tradução da palavra hebraica emeth que não é meramente a percepção que alguém tem das coisas; é a natureza intrínseca das coisas com são. A verdade é essência de Deus que é aquele que diz: “Eu sou o Eu Sou”. Deus é a própria realidade, a própria verdade de tudo. Quem profere mentiras contra o próxima vai de encontro com o Deus que é o caminho, a verdade e a vida.




10º Mandamento
“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.”

A cobiça é o amor fora de proporção, fora de equilíbrio e fora de lugar. Significa colocar nossa devoção em “coisas” – dinheiro, sucesso, fama – e transformá-las no centro da nossa existência, crendo que são fundamento sobre o qual construímos a felicidade. As coisas se tornam mais importantes do que as pessoas e suas necessidades.
O segundo mandamento(que fala da idolatria) nos adverte a não tornar as coisas mais importantes que Deus, enquanto o décimo diz que não devemos torná-las também mais importantes do que as pessoas.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Missionarios Moravianos

Iniciado em Hernhut, Alemanha no século 18, o movimento de oração continua (24 horas) chamado Moravianos durou por quase 100 anos, e eles não oravam por aquilo que não estavam dispostos a ser a resposta.
Dois jovens Moravianos, de 20 anos ouviram sobre uma ilha no Leste da India cujo dono era um Britânico agricultor e ateu, este tinha tomado das florestas da África mais de 2000 pessoas e feito delas seus escravos, essas pessoas iriam viver e morrer sem nunca ouvirem falar de Cristo.
Esses joves fizeram contato com o dono da ilha e perguntaram se poderiam ir para lá como missionários, a resposta do dono foi imediata: " Nenhum pregador e nenhum clerico chegaria a essa ilha para falar sobre essa coisa sem sentido". Então eles voltaram a orar e fizeram uma nova proposta: "E se fossemos a sua ilha como seus escravos para sempre?", o homem disse que aceitaria, mas não pagaria nem mesmo o tranposte deles. Então os jovens usaram o valor de sua propria venda para custiar sua viagem.
No dia que estavam no porto se despedindo do grupo de oração e de suas familias o choro de todos era intenso, pois sabiam que nunca mais veriam aqueles irmãos tão queridos, quando o navio tomou certa distância eles dois se abraçaram e gritaram suas ultimas palavras que foram ouvidas: "QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO".

isso é levar a sua cruz
isso é morrer para q outros possam viver

2 Coríntios 4:11, 12 "E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida."

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A Mensagem mt 4:12-17

Dezembro de 2009. Vivemos o período de natal. Tempo de festas, onde os adultos se embriagam. Tempo troca de presentes, onde crianças do mundo inteiro acreditam na lenda de um bondoso velhinho da barba branca q vista àqueles q foram bonzinhos durante o ano. Mas, será esse o verdadeiro natal? Será essa a real mensagem q esse momento deveria passar? Não!
Apesar da insistência do mundo em querer a todo custo mudar a mensagem do natal, mudar a mensagem de Deus, por mais de 2000 anos Ele vem mantendo a sua palavra, a sua mensagem. Mensagem essa que teve poder pra mudar o curso da história da humanidade, que teve poder pra dividir o tempo em antes e depois dela, que tem o poder de mudar a história do homem, que tem poder pra mudar a tua história.
Mas que mensagem é essa que Deus teve o cuidado de guardar por todo esse tempo? Essa mensagem fala sobre quem Ele é. Diz que Ele é amor (1Jo 4:8) e que Ele te ama (Jo 3:16). Amor esse que muitas vezes não conseguimos compreender, mas o amor de Deus não foi idealizado pra compreendermos plenamente, mas para ser aceito. No texto de Mt 4:12-17 vemos traços desse amor divino, “povo que jazia em trevas viu grande luz”. Mas você pode perguntar “o q tenho eu com as trevas?” e a resposta é que todos pecaram (Rm 3:23), que não há um só justo (Rm 3:10-18) e que a nossa justiça é como trapo de imundícia (Is 64:6). Amados, o salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Só a morte é pagamento válido pelo pecado, mas não a morte de qualquer um. Só a morte de um justo. Só na morte de Cristo temos pagamento válido por nossos pecados. E quem matou Jesus? Deus matou Jesus! E por quê? Por que Deus não convive com o pecado(Is 59:2), não há como servir a Deus e viver uma vida de pecado. Quando Deus disse “sede santos” foi isso mesmo que ele quis dizer, não foi “parcialmente santos” , mas santos, separados do pecado. E se Deus não poupou Seu filho por nossos pecados, porque ele te pouparia?
Mas, o que é pecado? Todas as vezes que você negou Deus você pecou, todas as vezes que você quis viver só pra si você pecou. Por isso a luz brilhou, para mostrar o pecado ao pecador e dizer “arrependei-vos” porque perto está o fim, porque perto está quando não poderão mais se arrepender, porque perto está quando verão a glória de Deus e os seus anjos declarando “Santo! Santo! Santo é o Senhor!”. Essa mensagem parece dura? Você pode dizer “onde esta esse Deus de amor? Eu quero o Deus de amor”. Mas o Deus de amor está no mesmo lugar do Deus da Justiça(Sf 3:5), no mesmo lugar do Deus Santo(Sl 22:3), no mesmo lugar do Deus da verdade(Jo 4:6). E que amor diria ta tudo bem quando na verdade não está? O amor está em revelar-se a você e chamá-lo ao arrependimento.
E o que é arrependimento? Arrependimento não é remorso, não é sentimento de culpa, não nem mesmo apenas reconhecer o erro. Arrependimento (metanóia em grego) quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente. Arrependimento é converter-se a Deus e é você que deve se converter a Ele, não Ele a você. E quando Jesus nos chama ao arrependimento é porque ele vai dizer “perto está o reino”, é porque ele tem algo melhor pra você e pra mim, é porque o seu reino é melhor que tudo, é porque nem olhos viram nem ouvidos ouviram aquilo que Deus tem guardado para aqueles que o amam (1Co 2:9). E aí sim acontece o natal, quando um pecador aceita essa mensagem e Cristo nasce em seu coração. Isso é natal, o nascimento de Jesus. Esse é o tempo de arrependimento, de voltar a Deus.

Deus nos abençoe!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Apascentando ovelha ou entretendo bode

Apascentando ovelha ou entretendo bode

C.H. Spurgeon

* * *

Um mal acontece no arraial professo do Senhor, tão flagrante na sua impudência, que até o menos perspicaz dificilmente falharia em notá-lo. Este mal evoluiu numa proporção anormal, mesmo para o erro, no decurso de alguns anos. Ele tem agido como fermento até que a massa toda levede.

O demônio raramente fez algo tão engenhoso, quanto insinuar à Igreja que parte da sua missão é prover entretenimento para o povo, visando alcançá-los. De anunciar em alta voz, como fizeram os puritanos, a Igreja, gradualmente, baixou o tom do seu testemunho e também tolerou e desculpou as leviandades da época. Depois, ela as consentiu em suas fronteiras. Agora, ela as adota sob o pretexto de alcançar as massas.

Meu primeiro argumento é que prover entretenimento ao povo, em nenhum lugar das Escrituras, é mencionado como uma função da Igreja. Se fosse obrigação da Igreja, porque Cristo não falaria dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Lc.16:15). Isto é suficientemente claro. Assim também seria, se Ele adicionasse "e provejam divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho". Tais palavras, entretanto, não são encontradas. Nem parecem ocorrer-Lhe.

Em outra passagem encontramos: "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres"(Ef.4:11). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia, no que se refere a eles. Os profetas foram perseguidos por agradar as pessoas ou por oporem-se a elas?

Em segundo lugar, prover distração está em direto antagonismo ao ensino e vida de Cristo e seus apóstolos. Qual era a posição da Igreja para com o mundo? "Vós sois o sal da terra" (Mt.5:13), não o doce açúcar – algo que o mundo irá cuspir, não engolir. Curta e pungente foi a expressão: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos"(Mt.8:22). Que seriedade impressionante!

Cristo poderia ter sido mais popular, se tivesse introduzido mais brilho e elementos agradáveis a sua missão, quando as pessoas O deixaram por causa da natureza inquiridora do seu ensino. Porém, eu não O escuto dizer: "Corre atrás deste povo Pedro, e diga-lhes que teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atrativo, com uma pregação bem pequena. Teremos uma noite agradável para eles. Diga-lhes que, por certo, gostarão. Seja rápido, Pedro, nós devemos alcançá-los de qualquer jeito!".

Jesus compadeceu-se dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca pretendeu entretê-los.

Em vão as epístolas serão examinadas com o objetivo de achar nelas qualquer traço do evangelho do deleite. A mensagem que elas contêm é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!"

Eles tinham enorme confiança no evangelho e não empregavam outra arma.

Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja reuniu-se em oração, mas não oraram: "Senhor, permite-nos que pelo sábio e judicioso uso da recreação inocente, possamos mostrar a este povo quão felizes nós somos". Dispersados pela perseguição, eles iam por todo mundo pregando o evangelho. Eles "viraram o mundo de cabeça para baixo". Esta é a única diferença! Senhor, limpe a tua Igreja de toda futilidade e entulho que o diabo impôs sobre ela e traze-a de volta aos métodos apostólicos.

Por fim, a missão do entretenimento falha em realizar o objetivo a que se propõe. Ela produz destruição entre os jovens convertidos. Permitam que os negligentes e zombadores, que agradecem a Deus porque a Igreja os recebeu no meio do caminho, falem e testifiquem! Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o bebado para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de promover entretenimento não produz convertidos verdadeiros.

O que os pastores precisam hoje, é crer no conhecimento aliado a espiritualidade sincera; um jorrando do outro, como fruto da raiz. Necessitam de doutrina bíblica, de tal forma entendida e experimentada, que ponham os homens em chamas.

domingo, 20 de dezembro de 2009



O que o ministro de louvor não é:

1. O ministro de louvor não é um artista.

A palavra “artista” desenvolveu o seu significado de uma palavra grega que nós traduzimos como “hipócrita”. Ou seja, o termo “artista” veio da palavra “hipócrita”. Porque o artista finge ser o que não é, foi natural o hipócrita ser confundido como tal.

Qualquer um que finge ser o que não é, é um artista, um hipócrita. E não existe um tipo de gente com o qual Jesus foi mais duro do que com estes. Nenhum hipócrita, por mais que receba dos homens, recebe algo de Deus e todo fingimento será julgado.

2. O ministro de louvor não é um animador/agitador de platéia.

A função do ministro não é fazer com que o povo se movimente. Às vezes, o momento de louvor mais se parece com uma aula de aeróbica (perdoem-me a expressão) do que um culto ao Senhor. É o: “Vamos lá galera! Comigo assim! Vai! Vai! Um dois, um dois... Agora dois passinhos... E olhas as mãozinhas!”

E, por favor, não me entendam mal. Não é meu desejo ridicularizar alguém, isso é meramente ilustrativo. Se você conhece alguém semelhante, eu peço que você o ame e ore por ele, pois aprendeu assim.

Mas, se você se vê como tal, eu só peço que repense mais uma vez acerca da sua função perante o povo de Deus, pois o povo não se reúne para ser entretido. O propósito do culto não é entretenimento, mas adoração. O povo se reúne pra que, na presença de Deus, diante de Deus, haja verdadeira adoração.

3. O ministro de louvor não é um manipulador.

Aquele que é chamado de “pai da reforma” escreveu um texto significativo que trata da abscondicidade de Deus, ou seja, do fato de que Deus se esconde. Lutero tinha a clara percepção da soberania de Deus e, por ser Ele soberano, concluiu que se Deus não quisesse, Ele não se manifestava.

Portanto, você pode berrar, pular, declarar, profetizar, apelar, fazer voz de choro, mas saiba que Deus é Deus, e se Ele não quiser, quem é que pode obrigá-Lo?

Você, como ministro, tem que saber que Deus não tem que se manifestar, que Deus não tem que fazer algo todas as vezes que VOCÊ se coloca a tocar ou a cantar. Você e eu temos que saber que, por Ele ser Deus, se Ele não quiser, Ele simplesmente tem todo o direito de não vir. Ele é Deus! É Ele quem manda!

Quando os ministros se esquecem disso, aí a manipulação acontece. Muitos ministros deixam de perceber quando Deus está agindo de tanto que tomaram o lugar de Deus. E se todas as vezes que Deus decidir não visitar a igreja você tomar à frente e buscar produzir um mover de Deus nas pessoas, se você ainda não perdeu, você logo vai perder a sensibilidade de que Deus quer tratar com a Sua igreja, ausentando-Se.

Isso na verdade é libertador! Receba esta palavra e seja livre de toda cobrança humana e saiba amado(a) que Deus nem sempre vem. Deus nem sempre TEM que vir. Sim, a Bíblia diz que Ele está no nosso meio, mas a Bíblia não diz que Ele se manifesta sempre e em todos os lugares. Ele é Deus! Seja livre de toda tentação de manipular e gerar Deus nas pessoas.

Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor.

Reconhecendo o amor em meio à disciplina e, neste mesmo amor,

Juliano Son
Ministério Livres para Adorar

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dr. Armand Nicholi é professor da Escola de Medicina de Harvard há 20 anos. Ele também ministra um curso popular na Universidade de Harvard sobre as cosmovisões contrastantes de Sigmund Freud e C.S.Lewis.

C.S. Lewis e Sigmund Freud: uma comparação de seus pensamentos e de suas visões sobre a vida, a dor e a morte.

As cosmovisões de Sigmund Freud e C.S. Lewis, ambas predominantes na nossa cultura hoje, apresentam interpretações diametralmente opostas de quem nós somos, nossa identidade, de onde viemos, de nossa herança cultural e biológica e de nosso destino. Primeiro, vamos arrumar as bases para nossa discussão fazendo três perguntas. Quem é Sigmund Freud? Quem é C.S.Lewis? E o que é uma cosmovisão?

Poucos homens influenciaram mais a estrutura moral de nossa civilização do que Sigmund Freud e C.S. Lewis. Freud foi o médico Vienense que desenvolveu a psicanálise. Muitos historiadores colocam suas descobertas ao lado das de Plank e Einstein. Suas teorias proveram um novo entendimento sobre como nossas mentes funcionam. Suas idéias permeiam diversas disciplinas incluindo a medicina, literatura, sociologia, antropologia, história e o direito. A interpretação do comportamento humano no direito e na crítica literária é profundamente influenciada pela suas teorias. Seus conceitos estão tão permeados na nossa linguagem que nós usamos termos como repressão, complexo, projeção, narcisismo, ato falho e rivalidade fraterna sem sequer nos apercebemos de sua origem.

Devido ao inegável impacto de seu pensamento na nossa cultura, os estudiosos se referem a esse século como o "século de Freud". Por que isso? À luz do que sabemos hoje, Freud é continuamente criticado, desacreditado, e difamado; ainda assim sua figura continua a aparecer em capa de revistas e artigos de primeira página em jornais como o The New York Times. As recentes pesquisas históricas intensificaram o interesse nas controvérsias em torno de Freud e seu trabalho. Como parte de seu legado intelectual, Freud defendeu veementemente uma filosofia de vida secular, materialista e ateísta.

Apesar do fato de C.S.Lewis ter conquistado reconhecimento intelectual muito antes de sua morte em 1963, seus livros acadêmicos e populares continuaram a vender milhões de cópias por ano e sua influência continua a crescer. Durante a Segunda Guerra Mundial, os pronunciamentos de Lewis no rádio fizeram sua voz a segunda mais reconhecida na BBC perdendo apenas para Churchill. Nos anos que se seguiram, a foto de Lewis apareceu na capa da Times e outras revistas importantes.

Hoje, a grande quantidade de livros pessoais, biográficos e literários sobre Lewis, o grande número de sociedades sobre C.S.Lewis em universidades; os periódicos e jornais sobre C.S.Lewis; como também o recente filme e peça sobre sua vida confirmam o sempre crescente interesse nesse homem e na sua obra. Como um jovem membro da universidade de Oxford, Lewis mudou de uma visão secular e ateísta para uma espiritual; uma cosmovisão que Freud frequentemente atacava, mas a qual Lewis abraçou e definiu em muitos de seus escritos após a conversão. Tanto Lewis quanto Freud possuíam dons literários extraordinários. Freud ganhou o prêmio Goethe de literatura em 1930. Lewis, que ensinou em Oxford e foi catedrático de Literatura Inglesa na Universidade de Cambridge, produziu alguns dos maiores criticismo literários e possui uma grande quantidade de livros acadêmicos e de ficção vastamente lidos.

Cosmovisões conflitantes.

Agora, sobre a questão da definição de "cosmovisão". Em 1933, numa preleção chamada "A questão da Weltanschauung," Freud definiu cosmovisão como "uma construção intelectual que resolve todos os problemas de nossa existência, uniformemente, sobre o fundamento de uma hipótese dominante."

Todos nós, quer nos apercebamos ou não, temos uma cosmovisão; temos uma filosofia de vida, nossa tentativa de fazer nossa existência ter sentido. Ela contêm nossas respostas às principais questões que dizem respeito ao sentido de nossas vidas, questões que nos perturbam em algum período de nossas vidas, e que nós frequentemente pensamos apenas quando acordamos às três da manhã. O resto do tempo que estamos sozinhos nós temos o rádio e a televisão ligados que impedem que fiquemos sozinhos com nós mesmos. Pascal dizia que a única razão de nossa infelicidade é que nós não conseguimos ficar sozinhos num quarto. Ele alegou que nós não gostamos de confrontar a realidade de nossas vidas; a condição humana é tão basicamente infeliz que nós fazemos de tudo para nos distrair de pensar nisso.

O vasto interesse e permanente influência das obras de Freud e Lewis se originam nem tanto de seus estilos literários singulares, mas mais do apelo universal que tem as questões que eles trabalharam; questões que permanecem extraordinariamente relevantes às nossas vidas pessoais e à nossa crise social e moral contemporânea.

A partir de visões diametralmente opostas, eles falaram sobre questões como, "Há sentido e propósito para a existência?" Freud diria, "Certamente não! Não podemos nem, do nosso ponto de vista científico, abordar a questão de se há ou não sentido para a vida." Mas ele afirmaria que se você observar o comportamento humano, perceberá que o principal propósito da vida parece ser a conquista da felicidade e do prazer. Assim Freud delineou o "principio do prazer" como uma das principais características de nossa existência.

Lewis, por outro lado, disse que o sentido e propósito são encontrados na compreensão do porquê estamos aqui em relação ao Criador que nos fez. Nosso propósito principal é estabelecer um relacionamento com esse Criador. Freud e Lewis também discutiram as fontes da moralidade e da consciência. Todos os dias nós acordamos e fazemos uma série de decisões que nos sustentam ao longo do dia. Essas decisões são geralmente baseadas no que nós consideramos que é certo: o que nós valorizamos, nosso código moral. Decidimos estudar com afinco e não usar as idéias de outras pessoas, por que de alguma forma isso é parte de nosso código moral. Já Freud disse que nosso código moral vem da experiência humana, como nossas leis de tráfego. Nós fazemos os códigos por que eles são convenientes para nós. Em algumas culturas você dirige na esquerda, em outras você dirige na direita.

Mas Lewis discordaria disso. Ele disse que apesar das diferenças culturais, há um código moral básico que transcende a cultura e o tempo. Essa lei não é inventada, como as leis de tráfego, mas é descoberta, como as verdades matemáticas. Então, Freud e Lewis tinham um entendimento completamente diferente da fonte da verdade moral.

Lewis e Freud também falaram sobre a existência de uma inteligência além do universo; Freud disse "Não", Lewis disse "Sim". Suas visões os levaram a discutir o problema dos milagres na era científica. Freud alegou que os milagres contradizem tudo que aprendemos através da observação empírica, eles não ocorrem de fato. Entretanto, Lewis perguntaria; "Como sabemos que eles não ocorrem? Se há alguma evidência, a filosofia que você trás para interpretar a evidência determina como você interpretará." Então, de acordo com Lewis, nós precisamos entender se nossa filosofia exclui os milagres e, portanto, afeta nossa interpretação da evidência.

Tanto Freud quanto Lewis falaram muito sobre a sexualidade humana. Freud considerava todo tipo de amor uma forma de sexualidade sublimada, até mesmo o amor entre amigos. Lewis disse que qualquer um que pense que a amizade é baseada em sexualidade nunca teve um amigo realmente.

Eles também discutiram o problema da dor e do sofrimento. Freud era extremamente perturbado por esse problema, e Lewis escreveu alguns maravilhosos livros que ajudam a explicar o problema do sofrimento que todos nós experimentamos. O Problema do Sofrimento [Editora Vida] é uma discussão bastante intelectual da questão. Quando a mulher de Lewis morreu, ele escreveu Anatomia de uma dor [Editora Vida], que eu recomendo enfaticamente. As pessoas da minha área dizem que esse é o melhor trabalho sobre o processo de luto.

E, é claro, ambos discutiram o que Freud chamou de "O doloroso mistério da morte". Mas eu voltarei a isso mais tarde. Cada uma das questões que eu abordei são filosóficas por natureza. É significante notar que os trabalhos filosóficos de Freud tiveram mais influência na secularização da cultura do que seus trabalhos científicos. Eu vou discutir dois desses temas.

Deus em Questão

Primeiro, a existência de uma inteligência para além do universo, o que os cientistas modernos chamam de "A questão de Deus". Norman Ramsay, professor de física de partículas em Harvard, ganhou o Prêmio Nobel de Fìsica em 1989. Ele me disse recentemente que mesmo em seu campo, os cientistas tem se tornado interessados na questão de se há ou não uma inteligência para além do universo. Ele disse que é uma área de interesse relativamente recente para eles e que tem sido provocada principalmente pela aceitação da teoria do Big Bang. Eu repliquei dizendo que eu não entendi bem a relação. Ele disse, "Bem, quando acreditava-se que o universo não tinha começo era mais fácil, pois ninguém tinha que se preocupar com o que veio antes. Mas desde que alguém aceita a idéia de que o universo teve um inicio num ponto especifico do tempo, tem que pensar também sobre o que ocorreu antes. Então os físicos agora estão pensando sobre questões que somente teólogos e filósofos pensaram no passado."

Ao olharmos para o mundo ao nosso redor, nós fazemos uma de duas suposições: ou vemos o mundo como um acidente e nossa existência neste planeta como uma questão de pura chance, ou presumimos alguma inteligência para além do universo que não só provê ao universo um desenho e ordem, mas também provê sentido e propósito à vida. Como vivemos nossas vidas, como terminamos nossas vidas, o que percebemos, como interpretamos o que percebemos, tudo é formado e influenciado consciente ou inconscientemente por uma dessas duas suposições básicas.

Tendo isso em mente, Freud dividiu todas as pessoas entre "crentes" e "descrentes". Descrentes incluem todos aqueles que se consideram cínicos, céticos, escarnecedores, agnósticos ou ateus. Crentes incluem o resto, cuja crença varia desde um mero assentimento intelectual de que há algo ou alguém além deste mundo até aqueles como Lewis, Agostinho, Tolstoy e Pascal que tiveram uma experiência transformadora depois da qual sua fé se tornou o principal princípio motivador e organizador de suas vidas.

Freud foi de encontro, clara e enfaticamente, à noção de que há "Alguém" além deste mundo. Ele descreve sua cosmovisão como secular e a chama de "cientifica", e ele alegou que não há nenhuma outra fonte de conhecimento do universo que não seja "a cautelosa observação, o que chamamos de pesquisa." Logo, nenhum conhecimento, ele disse, pode ser derivado de revelação ou intuição. Ele afirmou que a noção do universo criado por um ser "parecido com o homem mas exaltado em cada aspecto, um super homem idealizado, reflete a grotesca ignorância dos povos primitivos." Ele afirmou que nenhuma pessoa inteligente pode aceitar os absurdos da cosmovisão religiosa.

Freud descreveu o conceito de Deus como uma simples projeção do desejo infantil de proteção por um pai todo-poderoso. Ele acrescentou que "a religião é uma tentativa de controlar o mundo sensorial, no qual estamos situados, por um mundo que desejamos que é desenvolvido dentro de nós como um resultado de anormalidades biológicas e psicológicas."

Ele concluiu que a visão religiosa é "tão patética e absurda e... infantil que é humilhante e vergonhoso pensar que a maioria das pessoas jamais se sobreporão a isso." Apenas por um breve período quando era estudante sob a orientação de um brilhante filósofo chamado Franz Brentano, um crente devoto, Freud duvidou de seu ateísmo, mas ele afirmou que continuou descrente pelo resto de sua vida. Um ano antes de sua morte, Freud escreveu para Charles Sanger, "Nem na minha vida privada nem nos meus escritos eu deixei em segredo o fato de ser um completo descrente."

Quando examinamos o relato cuidadosamente nós descobrimos que Freud talvez não estivesse tão certo de seu ateísmo quanto ele proclamava. Certamente ele se referia a si mesmo frequentemente como "um Judeu infiel" e ele rejeitou completamente a visão religiosa do universo, especialmente a visão Judaico-Cristã. Ele certamente atacou essa visão com todo seu poderio intelectual e de todas as perspectivas possíveis. Mas ainda assim, por alguma razão ele permaneceu ocupado com estas questões; ele simplesmente não conseguia deixá-las de lado. Ele passou os últimos trinta anos de sua vida escrevendo sobre tais questões.

Num estudo autobiográfico ele disse que essas questões filosóficas e religiosas o interessaram por toda sua vida desde sua juventude. Um grande número de evidências revelam que a cosmovisão de Freud não o deixavam confortável. A fé, de forma alguma, era caso concluído para ele, e ele era extremamente ambivalente quanto à existência de Deus.

Anna Freud, filha e Freud que faleceu há alguns anos atrás, me explicou a única forma de conhecer seu pai: "Não leia suas biografias;" ela instruiu, "leia suas cartas." Por todas suas cartas, Freud faz afirmações como, "Se algum dia nós nos encontrarmos lá em cima", "minha única, e secreta oração," e afirmações sobre a graça de Deus. Durante os últimos trinta anos de sua vida, Freud manteve uma constante troca de centenas de cartas com o teólogo Suiço, Oskar Pfister. É interessante notar que sua correspondência mais longa foi exatamente com este teólogo. Ele admirava Pfister e escreveu, "Você é um verdadeiro servo de Deus... que sente a necessidade de fazer um bem espiritual para todos que você encontra. Você fez isso por mim também." Ele, posteriormente, disse que Pfister estava, "na honrosa posição de poder levar homens à Deus."

Será isso apenas formas de expressão? Poderíamos dizer isso de qualquer um, menos de Freud, que alegava que mesmo um ato falho da fala tem um sentido.

O Problema da Dor e do Sofrimento

Eu tenho estudado os escritos de Freud como também suas cartas por muitos anos e eu concluí que o principal obstáculo que Freud tinha com a idéia de um ser inteligente além do universo era sua incapacidade de conciliar um Deus bom e todo-poderoso com o sofrimento que todos nós experimentamos em certa intensidade. Numa carta para Pfister, em 1928, Freud escreveu, "E por último, deixe-me ser indelicado. Como diabos você concilia tudo que experimentamos e esperamos nesse mundo com sua suposição de um ordem moral mundial?" E depois, numa preleção em 1944, ele disse: "Não parece ser o caso de haver um poder no universo que observa o bem-estar dos indivíduos com cuidado paternal e dirige seus interesses em direção à um final feliz. Pelo contrário, os destinos da raça humana não podem ser harmonizados nem com a hipótese de uma benevolência universal nem com a parcialmente contraditória hipótese de justiça universal. Terremotos, tsunamis, complicações que não fazem nenhum distinção entre os virtuosos e piedosos e os imorais e descrentes. Mesmo quando o que está em questão não é a natureza inanimada, mas quando o destino individual depende de suas relações com outras pessoas, não é de maneira alguma a regra de que o mal é punido e o bem recompensado. Frequentemente são os espertos e impíos que usufruem das boas coisas do mundo e o piedoso não usufrui de nada. São poderes obscuros, insensíveis e sem amor que determinam nosso destino. Os sistemas de recompensas e punições, que a religião descreve como governo do universo, parece não existir." Eu me pergunto quantos de nós pelo menos uma vez não nos sentimos assim. Freud parecia não estar ciente, é claro, de que na cosmovisão Biblíca o governo do universo está temporariamente em mãos inimigas. Antes de Anna Freud falecer, eu lhe perguntei sobre a dificuldade de seu pai com o problema do sofrimento, e ela expressou grande curiosidade em relação a isso. Num determinado momento ela me disse, "Como você explica o sofrimento no mundo? Há alguém lá em cima que diz, 'Você terá câncer. Você tuberculose', e distribui adversidades?" Eu disse que não sabia exatamente como responder à pergunta, mas eu sei que ela respeitava Oskar Pfister. Eu disse que pessoas como Pfister descreveriam a presença de um poder maligno no universo que é responsável por parte do sofrimento. Anna pareceu interessada nessa noção e voltou frequentemente a ela na nossa conversa. Devemos lembrar que Freud sofreu consideravelmente em sua vida, emocionalmente como um Judeu crescido na profundamente Católica Viena, e fisicamente com o câncer intratável na boca com o qual ele lutou por dezesseis anos de sua vida. Os procedimentos médicos não eram bem desenvolvidos na época e o causaram uma grande dose de dor física. Então precisamos ter isso em mente quando tentamos entender como ele se sentia. C.S.Lewis, ao longo da primeira metade de sua vida, também se descreveu, como Freud, como um "completo descrente". Se Freud duvidou de sua descrença quando estava na faculdade, Lewis se regozijava na sua descrença quando estudante em Oxford. Ele expressou um forte cinismo e hostilidade em relação à pessoas que ele chamava de "crentes" e compartilhava do pessimismo de Freud em relação a vida. Quando tinha trinta e três anos, já um membro popular de Oxford, Lewis experimentou uma profunda e radical mudança em sua vida e em seu pensamento. Ele rejeitou a cosmovisão materialista e ateísta e abraçou uma forte fé em Deus e em Jesus Cristo. Essa conversão de uma cosmovisão para outra começou uma fonte inesgotável de livros acadêmicos e populares que influenciaram milhões de pessoas.

Como alguém muda sua cosmovisão de uma para outra que é dramaticamente diferente? Com C.S. Lewis, essa transformação aconteceu através de um longo período de tempo. Ainda assim, sua conversão não foi menos dramática do que a de Paulo, Agostinho, Tolstoy, Pascal e muitos outros.

Essas são algumas das influências que pressionaram Lewis a mudar sua cosmovisão: Primeiro, Lewis gradativamente se tornou ciente de que a maioria dos grandes autores que ele vinha lendo por anos, eram crentes. Isso começou a fazê-lo pensar. Então, ao reler Eurípedes e Space, Time and Deity de Samuel Alexander, Lewis foi forçado a pensar sobre um profundo anseio dentro de si mesmo; ele reconheceu que era um tipo de anseio que ele experimentava periodicamente mas não conseguia entender bem. Ele chamou isso de "alegria" e escreveu bastante sobre isso. Ele percebeu que essa alegria não era um fim em si mesmo, mas um lembrete de algo ou alguém maior. Posteriormente, ele veio a crer que esse alguém é o Criador.

Segundo, Lewis ficou chocado durante uma conversa com um dos seus colegas professores de Oxford ao ouvir ele, um ateu declarado, afirmar que as evidências para a autenticidade dos evangelhos eram muito boas. As evidências eram persuasivas e as histórias dos Evangelhos pareciam ser verdadeiras. Lewis disse que é impossível compreender o impacto que isso teve nele vindo desse membro específico da faculdade.

Terceiro, ele leu O Homem Eterno de G. K. Chesterton e finalmente passou a crer em Deus. Ele escreve sobre isso de forma sucinta em Surpreendido pela Alegria:

Você tem que me imaginar sozinho naquele quarto em Magdalene, noite após noite, sentindo, a todo momento que minha mente se desviava do meu trabalho, a permanente, e persistente aproximação dEle, o qual eu não queria encontrar de maneira alguma. O que eu temia, finalmente, me sobreveio. No Trinity Term de 1929 eu finalmente desisti, e admiti que Deus era Deus, e me ajoelhei e orei: talvez, aquela noite, o mais relutante e desapontado convertido de toda Inglaterra.


Nesse momento Lewis era um teísta, não um Cristão. Ele se ocupou por muitos longos meses para entender a história do Evangelho e as doutrinas da redenção e ressurreição. Ele chegou a ler o Evangelho de João em Grego.
Então, no outono de 1931, ele jantou com dois membros da faculdade, J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, e Hugo Dyson, um professor de literatura Inglesa. Depois do jantar, os três conversaram sobre a grande questão concernente a verdade dos Evangelhos e se fizeram a pergunta que um dos pupilos de Lewis se referiu como, "Será verdadeiro, será verdadeiro, esse conto mais impressionante de todos?" Eles conversaram e caminharam por horas por um caminho chamado Caminho de Addison. O relógio na Torre de Magdalene marcava três da manhã antes deles partirem. Essa conversa teve um profundo efeito em Lewis. Nove dias depois, Lewis viajou de moto com seu irmão. Ele escreveu, "Quando saímos eu não acreditava que Jesus Cristo era o Filho de Deus, e quando chegamos ao zoológico, eu já cria." Depois, Lewis escreveu: "Minha longa conversa com Dyson e Tolkien tiveram um grande impacto nisso."

A conversão de Lewis revolucionou sua vida. Ele se tornou um prolifíco autor, vendendo milhões de cópias de livros e influenciando muitas pessoas em universidades, especialmente nesse país e na Europa. Devido ao fato dele mesmo ter sido ateu pela primeira metade de sua vida, ele conhecia os argumentos muito bem. Por exemplo, Lewis concordava com Freud em crer que nós, de fato, possuímos um profundo desejo por Deus, mas ele discordava com a noção de Freud de que Deus, portanto, era nada mais do que produto da satisfação de um desejo. O que nós desejamos, Lewis apontou, não tem nada a ver com a questão de se Deus existe ou não. De acordo com a teoria de Freud, o desejo da não-existência de Deus seria tão forte quando o desejo de sua existência. Lewis, portanto, disse que tudo que isso nos diz é algo sobre nossos sentimentos, mas muito pouco sobre a existência ou inexistência de Deus. Então Lewis tendia a responder a maioria dos argumentos formulados por Freud.

A Questão da Mortalidade

Vamos mudar agora para nosso segundo assunto, a questão da mortalidade, a qual Freud se referiu como "o doloroso mistério da morte." Sócrates disse que o verdadeiro filósofo está sempre negando a morte e o ato de morrer. E, de fato, a maioria dos grandes escritores escreveram continuamente sobre isso.

Uma questão fundamental da nossa existência, uma que aprendemos ainda cedo na vida, é que nós estamos aqui na terra por um curto período. Nós somos as únicas criaturas na terra que podem prever nossa própria morte. Ao mesmo tempo, nós temos um profundo anseio pela permanência e um profundo e penetrante medo de sermos separados daqueles que nós amamos sendo abandonados. O medo de ser abandonado é o primeiro medo que experimentados quando crianças, um bebê chora quando sua mão sai do quarto. Pesquisas no Hospital Geral de Massachusetts mostraram que, em pacientes terminais, isso é o que eles mais temem, o medo de serem deixados sozinhos, de serem abandonados. É um medo temos em mente por toda nossa vida. Ainda assim não podemos escapar da cruel realidade de que cada respiro que damos, cada batida do coração, cada hora do dia nos aproxima ainda mais da hora em que deixaremos para trás aqueles que nós amamos.

Agora, como você processa essa informação? Como você entra em acordo com isso? Os psiquiatras dizem que essa questão é tão importante que você não pode realmente viver sua vida até que entre em um acordo com essa informação. Mas como você processa isso sem se encher de ansiedade ou e medo? Isso é o que Freud chamou de "o doloroso mistério da morte."

Freud e o Mistério da Morte.

Freud escreveu frequentemente sobre a morte. Eu mencionarei apenas uns poucos comentários que ele escreveu e como ele frequentemente se confrontava com sua própria morte.

Em 1932, numa obra chamada Totem e Tabu, Freud fez a interessante observação de que a morte não existe na nossa mente inconsciente: "Nosso inconsciente não acredita em sua própria morte. Ele se comporta como se fosse imortal. Nós não conseguimos imaginar nossa própria morte e quando tentamos fazê-lo nos apercebemos que somos, de fato, ainda espectadores, assim, ninguém crê em sua própria morte." Freud evitou dar qualquer interpretação filosófica dessa observação provocadora de que nas profundezas de nossas mentes, "todos nós estamos convencidos de nossa imortalidade."

Em O Futuro de uma Ilusão, Freud falou frequentemente sobre o doloroso mistério da dor. Ele terminou um ensaio com a curiosa sugestão de que se você quer suportar a vida você deve estar preparado para a morte. Ele pareceu perceber o que as pessoas na minha área tem falado durante anos, que nós não podemos realmente começar a viver nossas vidas até, de alguma forma, resolver o problema da nossa própria morte. E quando isso permanece não resolvido, gasta-se uma energia excessiva ou negando a morte ou se tornando obcecado com ela.

Freud não deixou dúvidas sobre como ele lidava com o problema. Ele se tornou obcecado com a morte. Seu colega Ernst Jones, seu biografo oficial, escreveu:

Pelo que sabemos da vida de Freud, ele parece ter sido possuído por pensamentos de morte. Mais do que qualquer grande homem que eu posso imaginar. Mesmo na época que estávamos nos conhecendo ele tinha o desconcertante hábito de partir dizendo "Adeus. Você talvez não me verá nunca mais." E então haviam os repetidos ataques do que ele chamava de "o pavor da morte". Ele odiava envelhecer. Mesmo quando ele tinha quarenta anos e a cada ano que se passava, os pensamentos de morte se tornavam cada vez mais despóticos. Ele disse uma vez que ele pensava sobre isso cada dia de sua vida, o que é bastante incomum.

Freud sonhava com a morte continuamente, e desde cedo em sua vida ele era obcecado em prever sua morte. O médico de Freud descreveu sua preocupação com a morte como supersticiosa e obsessiva. Freud estava certo que morreria aos 41, depois aos 51, depois 61, depois 62, depois aos 70. Ele entrava num hotel e se lhe fosse entregue o quarto 63. Ele saia e permanecia, por meses, convencido de que morreria aos 63 anos. Quando Freud perdeu um ente querido, ele se sentiu totalmente desesperançoso. Numa carta para Jones, ele escreveu, "Eu tinha a sua idade quando meu pai morreu e isso revolucionou minha alma. Você consegue se lembrar de um tempo tão cheio de morte quanto esse?" Quando tinha 64 anos, Freud perdeu uma jovem e linda filha, e ele se perguntava quando chegaria a sua hora. Ele desejava que fosse logo. Ele disse, "Eu não sei o que resta dizer depois de um evento paralizante como esse que não gera nenhuma dúvida posterior para quem não é crente" . Em outra carta ele escreveu, "Como um descrente, eu não tenho ninguém para acusar e não há lugar onde fazer uma queixa." Três anos depois o neto favorito de Freud morreu de tuberculose. Ele escreveu para um amigo, "Isso é difícil de suportar. Eu acho que jamais experimentei tamanha dor. Talvez minha própria doença contribua para isso. Eu trabalho por pura necessidade. Tudo perdeu o sentido para mim." E em outra carta ele afirmou, "Para mim, essa criança tomou o lugar de todos os meus filhos e netos já que eu não me importo com nenhum dos meus netos. Eu não encontro nenhuma alegria na vida."

Freud morreu aos 83 anos depois de uma batalhar contra um câncer que durou 16 anos. Seu livro favorito era o Fausto de Goethe, a história de Fausto fazendo um pacto com o diabo. Logo antes de Freud morrer, ele foi até a estante da livraria e pegou um livro de Balzac entitulado The Fatal Skin, no qual o personagem principal também faz um pacto com o diabo. O livro termina quando o herói não consegue controlar seu medo da morte e morre em estado de pânico. Estranho, como último livro. Depois de ler o lviro, Freud lembrou seu médico da promessa que ele havia feito de facilitar sua passagem quando o tempo tivesse chegado. Seu médico injetou dois centigramas de morfina que o fizeram dormir, então 12 horas depois ele injetou mais dois centigramas. Freud morreu às três da manhã do dia 12 de Setembro de 1939.

C.S. Lewis e a Morte

C.S. Lewis também escreveu sobre a mortalidade. Em O Problema do Sofrimento, Lewis descreve como, quando ateu, o problema do sofrimento humano, especialmente a capacidade humana de prever sua morte enquanto intensamente deseja permanecer, foi uma barreira para ele crer num Deus bom e todo-poderoso. Após sua conversão, ele entendeu a morte como um resultado da queda, uma transgressão das leis de Deus, e que a morte não era parte do plano original. (Talvez essa seja a razão de não termos símbolo para a morte no nosso inconsciente, e termos tamanha dificuldade em aceitar nossa mortalidade.)

Lewis fez referência frequente ao principio básico que a morte ilustra. Quando tinha 31 anos, antes de sua conversão, Lewis escreveu uma carta que afirmava, "Eu penso que eu entendo isso todo ano no Outono, assim como a simples natureza e a exuberante vida do mundo está morrendo, de que algo mais está acordando. Será que isso é significante? A morte do homem natural sempre significa o nascimento do espiritual; será que algo jamais dorme se não para que algo mais acorde?"

Então alguns anos depois numa outra carta, ele escreveu, "Pode alguém acreditar que não havia nada de persistente naquele motivo de sangue, morte, e ressurreição que aparece e todos os grandes mitos?" Ele estava começando a notar enquanto estudava toda a literatura antiga que mesmo nas culturas pagãs haviam essas estranhas histórias de um deus vindo à terra, morrendo, e ressuscitando. Ele se perguntava o que isso significava. E quando você olha para a natureza, de fato você vê coisas mesmo na vida vegetal onde uma semente cai na terra, morre e volta a vida na forma de uma planta ou uma grande árvore. Será que isso pode estar apontando para o que ele eventualmente chamava de "o grande milagre," a ressurreição? Ele disse, "Certamente a história da mente humana se encaixa muito melhor se você supor que tudo isso eram as primeiras sombras de algo cuja realidade veio em Cristo mesmo se nós não conseguirmos compreender isso completamente no presente."

Tragédia Pessoal

Em sua vida pessoal, C. S. Lewis se confrontou com a morte quando era criança. Aos nove anos ele perdeu, em poucos meses, seu avô paterno, um tio, e sua linda mãe. Numa autobiografia, Surpreendido pela Alegria, ele se lembra de sempre estar confinado no seu quarto, doente com dor de cabeça e de dente. Ele estava profundamente triste por sua mãe não ter ido vê-lo. Ele não conseguia compreender a razão disso


Isso era por que ela estava doente, também: e o que era estranho é que haviam diversos médicos no seu quarto, e vozes e gente indo e vindo por toda a casa, portas se abrindo e fechando. Parecia ter durado por horas. E então meu pai, às lágrimas, entrou no meu quarto e começou a tentar explicar para a minha mente apavorada coisas que eu jamais havia concebido antes.


Disseram a ele que sua mãe estava morrendo de câncer. Ele chamou isso de "toda a existência mudando em algo estranho e ameaçador, enquanto a casa se enchia de aromas estranhos e barulhos durante a madrugada e conversas murmuradoras sinistras."



"Meu pai jamais se recuperou dessa perda," ele observou. Talvez Lewis também não, no sentido de que ele foi enviado para um colégio interno, pois seu pai estava muito deprimido para cuidar dele. Numa idade muito precoce, ele perdeu pai e mãe.



Quando tinha 18 anos e era estudante em Oxford, Lewis se juntou ao exército. Ele se feriu durante manobras na França e, numa preleção em Oxford muitos anos depois, ele fez a interessante observação de que a guerra não torna a morte mais frequente, 100 por cento de nós morremos e essa percentagem não pode ser aumentada." Ele afirmou que a guerra coloca diversas mortes mais cedo e um dos aspectos positivos da guerra é que ela nos alerta de nossa mortalidade. Quando ele tinha 23 anos ele escreveu uma carta para seu pai sobre a morte de um velho professor, amigo de ambos. Ele afirmou:

Eu vi a morte com bastante frequência [na guerra] e mesmo assim não consigo deixar de vê-la como extraordinária e incrível. Uma pessoa real é tão real e tão obviamente viva e diferente do que o corpo morto. Não é possível crer que que aquele algo se tornou em nada, que alguém pode subitamente se transformar em nada.


Isso me lembra de dos meus estudantes de medicina que acabam de iniciar a prática médica; muito frequentemente eles me chamam para falar de suas experiências na residência. Uma das coisas que os estudantes mencionam com frequência é quão diferente uma pessoa é antes e depois da morte, quão diferente um corpo é de uma pessoa viva. Eles sentem que há algo que desaparece, que não está lá após a morte, e que nós somos muito mais do que nossos corpos. Lewis pareceu reconhecer isso quando ainda era muito jovem.

A Morte Importa

Em Anatomia de uma Dor, Lewis escreveu sobre a morte de sua esposa que era para ele tudo de importante. Como eu mencionei, muitos psiquiatras consideram esse livro um clássico no entendimento do luto. Lewis faz você sentir raiva, ressentimento, solidão, e medo. Sua raiva se torna palpável quando ele imagina que Deus é um "sádico cósmico, o imbecil odioso". Ele escreveu, "É difícil ter paciência com pessoas que dizem que não há morte ou que a morte não importa. A morte existe," ele continua, "e o que quer que importa. Poderíamos também dizer que o nascimento não importa."

Lewis nunca perdeu seu senso de humor. Quando ele tinha 59 anos de idade, uma mulher escreveu para ele e disse quão terrível era ter acabado de perder um amigo. Lewis escreveu de volta, "
Não há nada de desonroso em morrer. Eu conheço pessoas respeitáveis que morreram." Em outra carta, alguns anos depois, ele escreveu, "Que estado nós chegamos para não conseguir dizer, 'Estarei feliz quando Deus me chamar' sem ter medo disso, é mórbido. Apesar de tudo, o próprio São Paulo disse o mesmo. Porque não deveríamos pensar mais para a frente, no advento?"

Lewis concluiu que nós podemos apenas fazer três coisas em relação a morte: desejá-la, temê-la, ou ignorá-la. Ele afirmou que a terceira tentativa, a qual o mundo moderno chama de saúde, certamento é a mais dificil e precária de todas.


Lewis sofreu um ataque cárdiaco em 15 de Junho de 1963, e entrou em coma. Ele se recuperou apesar disso, e viveu as poucos meses seguintes calmo e feliz. Seu último biografo nota que antes de sua conversão, Lewis era extraordinariamente ansioso em relação a morte, mas após sua conversão ele parecia ter uma maravilhosa calma quanto a isso, até mesmo uma antecipação. Relatos de seus últimos dias atestam a calma e paz interior.

Durante esse tempo, ele escreveu para um amigo de longa dada afirmando, "Apesar de eu não estar infeliz de maneira alguma, eu não consigo deixar de lamentar o fato de ter revivido em Julho". Ele continuou, "Quero dizer, tendo sido levado tão suavemente até os portões, parece duro ter o portão fechado na cara e saber que todo o processo tem que recomeçar um dia. Pobre Lázaro." E para um outro amigo ele perguntou, "Deve-se honrar Lázaro ao invés de Estevão como primeiro mártir. Ter sido trazido de volto e ter que passar por tudo de novo deve ter sido bem difícil." E então ele disse, "Quando você morrer, me procure. É tudo tão divertido, solenemente divertido, não é?"

Duas semanas antes de sua morte, Lewis almoçou com um colega da faculdade. Ele disse que Lewis estava alerta de que o fim estava próximo e que jamais houve um homem tão bem preparado. Em 22 de Novembro de 1963, às 4 da tarde, o irmão de Lewis lhe trouxe seu chá da tarde. Ele observou que Lewis estava sonolento, mas calmo e alegre. As 5h30, ele estava morto.

Nós estudamos as cosmovisões contrastantes de duas mentes prolíficas. Uma visão alega que o universo é um acidente e que nossa existência é uma questão de pura chance. A outra vê o universo como resultado de um projeto e nossa existência como parte desse projeto. Um vê a morte como um mistério doloroso que causa grande ansiedade, desespero e amargura. O outro vê a morte como o passo final do projeto para o qual sua vida foi criada, um passo que pode ser experimentado com calma e até antecipação por causa do que Lewis chamou de "o grande milagre", a ressurreição.